Hoje faço o relato da Trilha do Mirante, cujo caminho de 1,5 km conduz a uma das mais belas paisagens do Brasil. Localizado dentro dos limites do Parque Nacional da Serra Geral, no Rio Grande do Sul, o Canyon Fortaleza é o mais famoso dos canyons do Parque, que ainda conta com trilhas de menos fama e difícil acesso em cânions como o Malacara e o Churriado.
Pelo fato de ser o maior cânion da região, ter acesso fácil e a trilha ser curta e relativamente leve, além da vista estonteante e recompensadora, o Cânion Fortaleza acaba sendo o mais visitado, enquanto os outros cânions só podem ser explorados com a companhia de um guia credenciado.
A visita a esse parque, no entanto, é bem diferente da visita ao Parque Nacional de Aparados da Serra, onde está o Cânion Itaimbezinho. Se para chegar ao outro parque já não tinha sinalização e placas adequadas, este então nem se fala. Nossa sorte é que sempre planejamos bem antes de viajar e já tínhamos marcado locais no GPS, além de ter analisado bem a região através do Google Earth.
Acho inadmissível uma coisa dessas – é um absurdo que um local como esse não tenha a mínima infraestrutura para receber visitantes. Para começar, a portaria do parque na verdade é só um posto de fiscalização. Está errado. Deveria colher nossos dados – idade, cidade onde vivemos, etc. Estatística é uma importante aliada na hora de se fazer turismo de verdade.
Além disso, a entrada deveria ser PAGA, qualquer parque nacional decente em qualquer lugar do mundo cobra ingressos e taxas de permanência, e bem caros. Não estou falando apenas dos parques nacionais nos EUA, mas nossos vizinhos Chile e Argentina estão bem à frente nesse quesito.
Se tivesse a cobrança, esse valor seria útil também para a preservação e manutenção do parque, bem precárias por sinal. Como tem muitas propriedades privadas na região, acho que deve ter muito rolo e imbróglios – leia-se interesses econômicos – para delimitar o que é área de parque nacional e o que é privado, visto que tinha várias vacas pastando no lugar e muitas áreas de plantio de pinus, uma dessas áreas tinha a placa de uma grande empresa de móveis planejados aqui no Brasil. Minhas opiniões e críticas à parte, vamos ao passeio em si.
A trilha não é demarcada, fora as bostas de vaca (e as moscas em cima da bosta), que a gente tem que ficar desviando o caminho inteiro.
Lugar lindo mesmo, cânions gigantes, penhascos supreendentes, um dos lugares mais bonitos do Brasil em minha opinião. O Cânion Fortaleza é o maior de todos os cânions do país. Seus paredões se estender por 7,5 km de extensão!
Em dias claros, avista-se parte do território de Santa Catarina e também o mar, o litoral do Rio Grande Sul. Conseguimos ver o mar no dia da nossa visita, mas não consigo vê-lo aqui pelas fotos. Como o tempo muda muito no local, com nuvens, neblina e céu aberto se alternando, provavelmente tiramos as fotos quando o tempo começou a nublar…
Repare na estrada de terra na parte superior do cânion… tem ali uma área de estacionamento, bem à esquerda da foto, onde deixamos o carro estacionado e começamos a caminhada.
Escolhemos o dia a dedo, pois pegamos um tempo bem instável e chuvoso em nossa trip pelo sul do Brasil. Vimos a previsão do tempo e nos programamos para pegar um dia de sol na visita ao cânion. Aconselho que você faça o mesmo, afinal o tempo já é bem instável na região dos cânions e você ainda escolhe um dia nublado para a visita é frustração na certa. Já vi posts em outros blogs com fotos em que não se via absolutamente nada, de tanta neblina. E chegue cedo!, pois é passeio para 1 dia inteiro.
Olha só a trilha no caminho da volta, como estava com neblina…
Para chegar, fomos de carro próprio, 4×4, em estrada parte asfaltada, parte de terra (principalmente quando vai se aproximando do cânion). Fizemos bate-volta de Canela, cidade onde estávamos hospedados distante 100 km dos cânions.
Leve água, protetor solar, boné, óculos escuros, um casaco caso o tempo mude, repelente de insetos e um lanche, pois não há nenhuma infraestrutura no local. Se você se estressa com carrapichos e tem medo de insetos, carrapatos e bichos nojentos em geral (tipo sapo), como eu, prepare-se para sofrer.
Para encerrar o post de nossa aventura, deixo aqui minha foto favorita desse lugar, meu marido teve que andar muito até o outro lado do cânion para bater essa foto minha – 😅 sou eu aquela pessoa que parece miniatura no canto esquerdo no alto da foto!
Até a próxima trip!
Abaixo, o mapa do Google com a localização e como chegar ao Cânion Fortaleza:
O mapa do google acima é interativo. Você pode dar zoom, clicar nos símbolos, etc.
Muito legal, parabéns.
Só na minha opinião, com todo respeito, não acho que deveria ser cobrado, acho que é um direito de todos, claro que deve ser exigido o respeito ao lugar o controle para que não se polua e etc. Imagina se houvesse um asfalto que chegasse até lá, acho que perderia boa parte da graça.
Olá Rodrigo
Obrigada pela visita e pelo comentário!
Sou a favor da cobrança porque em geral com brasileiro as coisas só funcionam quando dói no bolso 🙂
Mas claro cada um tem seu ponto de vista! Quanto ao asfalto para chegar até os canyons não acho primordial realmente, mas sinalização ajudaria muito!
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Erika.
Olha…. o turismo no Brasil é uma vársea, isso sim e a culpa é do governo. Em cima dos dois comentários gostaria de colocar que deveria ser bem cobrado para acesso a esses parques (Unidades de Conservação), mas para cobrar deveria ter estrutura que permitisse uma melhor visitação, seja restaurantes, quisques, banheiros e sim ASFALTO. Se a gente pegar os parques nos Estados Unidos tem asfalto DENTRO do parque como o Yosemite Park na California, a gente paga fortuna para irmos lá e aqui a gente reclama, pq num pensar para frente no Brasil investindo no turismo e na conservação, não digo dentro do parque ter asfalto, mas para chegar até ele uma melhor condição ao meu ver era o mínimo a ser exigido.
Olá Felipe, obrigada pela participação. Apesar de muita gente ser contra, acho que a cobrança de entrada em Parques Nacionais e Estaduais é necessária sim. E concordo com relação a melhores estradas de acesso aos parques. Todos que visitei até hoje encontram-se com estradas de acesso lamentáveis, à exceção do Parque Nacional de Foz do Iguaçu.
Até mais!
Ola,
Parabéns pelo relato. Chegando bem cedo no canion de Fortaleza, você acha que eu faço a trilha ida e volta em quanto tempo? Ou seja, que horas eu estaria de volta em Gramado? Pretendo ir com marido e filho de 10 anos? Obrigada pela atenção.
Tatiana
Tatiana, obrigado.
A trilha é relativamente curta, por volta de 3 km ida e volta, e não é demarcada – por isso, nunca deixe seu filho de dez anos sozinho. Quanto ao tempo de permanência lá, é relativo… a vista é estonteante, então dá vontade de ficar lá sentado, contemplando a natureza por um tempão. Nós permanecemos no canion por volta de quatro horas, sem contar o tempo de deslocamento de carro. É um passeio para o dia todo, e seu retorno a Gramado deve ocorrer muito provavelmente ao final da tarde. Boa Trip!!